Pastelzinho Drink

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Boris e Eraldo - Simples

É claro que a dupla de cabelo colorido "fanta uva e laranja" chamavam atenção. Mesmo num ambiente universitário. Os únicos que pareciam não se impressionar eram os inspetores, faxineiros, enfim, todos que participavam do corpo administrativo. Agiam como se aquelas figuras fossem visitantes que constantemente apareciam. Até trocavam intimidades com piscar de olhos, comprimentos com o polegar e alguns "opa! Tudo bem?"

Já os alunos, declaravam sua insatisfação com caras estranhas e olhares de "que porra é essa?", principalmente quando tinham o infortúnio de se deparar com as camisas das figuras estranhas. Uma era laranja, combinando com o penteado estranho do dono, com a frase "Foda-se a internet. Eu leio a Barsa" e a outra, mais fácil de definir como um pano de chão com cortes para passar cabeça e braços, tinha "caralhinhos voadores" desenhados a mão. Óbvio que os estudantes não estavam achando aquilo legal nem "puta! que idéia foda!" O que incomodava era: "Porra, quem deu direito a esses caras usarem frases com palavrão ou desenhos pornográficos? Pior, porque a gente não pode?"

A visita estava chegando ao fim, a dupla já estava no último corredor da faculdade em direção ao portão principal. Mas é claro que algo tinha que acontecer. Dessa vez foi uma coisa bem simples que disparou a indignação do cabeça de fogo. A última porta do corredor tinha um placa avisando "Sociologia Turma 111". Sociologia. Dá pra acreditar que esse foi o problema dessa vez? Socio - logia. Que azar.

Bem, o senhor "cabelo tons de por do sol na paria de Ipanema com direito a aplausos" leu aquela palavrinha e, visivelmente insultado, adentrou na sala. Ignorando a cara de espanto do professor e seus alunos, decorreu o seguinte discurso:
- Sério! Vocês tem que entender que é tudo mais simples do que vocês imaginam. Vou tentar explicar de uma maneira bem sintética, do jeito que, na verdade, a questão é. Todos querem ter tudo. Mas é impossível todos terem tudo. Para se ter tudo, alguns tem que ter muito pouco. Por isso existem três tipos de pessoas. O primeiro tipo chamarei de Realizados. Eles estão no poder, logo tem tudo, ou a sensação. E para se manter no topo da pirâmide criam, e recriam quando necessário, a moral - do latim normal. A moral faz com que os outros dois grupos sejam recompensados quando fazem o que é considerado normal e punidos quando fogem da normalidade. Para patrocinar e punir o segundo grupo, os Ascendentes Resignados, que também querem ter tudo um dia, se fazem necessários. Por último, e menos importante, estão os Seguidores, que, deixe-me ser criativo, hummm, obedecem já que eles não tem nada. Então, o objeto de estudo da Sociologia deveria ser somente, e tão somente, a relação entre esses três grupos. Assim, vocês chegariam mais rápido a conclusão que por mais que exista um grupo que cria, outro que promove a criação e um último que acha legal, flutuar entre os grupos é uma questão de escolha, vindo do exercício do comportamento privado e o teatro público. Sei, ficou meio conceitual esse final, mas não tem problema, já falei sobre os três grupos, o resto vocês podem fazer sozinho.
Normalmente, nesse tipo de situação, surgiria um silêncio que teria sua maturidade atingida em 30 segundos. Só que não foi o que aconteceu. Um aluno se levantou e começou a falar como se fosse possível ricochetear uma bola de canhão com uma pena de galinha:
-Você disse que a questão é sintética, mas apresenta como função majoritária da Sociologia três grupos e além disso formaliza um produto final de extrema abstração. Não concordo com sua visão, prefiro continuar como o objeto de estudo a sociedade. Simples assim.
- Simples assim, é? Tá bom. - pausa para fingir que aceitou - Sapo!
Ninguém pode perceber, mas o único aluno que foi capaz de reagir prontamente ao desafio de questionar a definição de sociologia "bem sintética, do jeito que, na verdade, a questão é" teve seu cérebro trocado com um Telmatobius culeus, um sapo, que existe apenas em um lugar remoto na terra. É claro que tamanha transmigração de massa cefálica teve um impacto drástico no poder de cognição do rapaz, que ainda conseguiu, brilhantemente, sentar-se e abrir levemente a boca, estado em que se encontrava a grande maioria das bocas que habitava a sala. O que deixaria orgulhoso, famoso e rico o descobridor da rara espécie de anfíbio. Pois teria conseguido, com esta evidência, por fim, provar a capacidade desse animal em imitar movimentos humanos.
Na saída da faculdade o diálogo entre o estranho par foi inevitável:
- Eu pensava que você iria falar sobre aquele negócio de "areia e cimento. Tudo se resume a areia e cimento. O que é natural e o que o homem pode fazer da natureza."
- Isso é a questão final da Filosofia.
- Ah tá. Bem, podemos ir lá no Titicaca ver como ficou?
- Ficou o que?
- O sapo. Quero ver como fica um sapo com mais de 2 quilos de neurônios na caixola.
- Não. Vai você. Fico com dor de cabeça em lugares de grandes altitudes.

sábado, 15 de novembro de 2008

Boris e Eraldo - Reinventando

A mulher que falava na televisão tinha um título, segundo a faixa que ficava no canto inferior da tela, de PhD em Genética. Ela concluía sua tese:

" Então, não podemos afirmar que o projeto Genoma é um completo desperdício de tempo. Mas também está longe de agregar entendimento da biologia em nosso ecossistema. Pelo menos nos livramos da Ilusão que o Gene poderia explicar as leis que regem a vida. O maior problema agora não é ter que começar do zero. E sim descobrir como desmontar a invenção da Teoria da Evolução Moderna Darwinista que está impregnada no consciente coletivo."

-Caralho! Puta quil paril! - O Rapaz de cabelo azul e camisa desbotada com a frase "Você, pra mim, é problema seu" se levantou do sofá, colocou a mão na cabeça e olhou para seu companheiro que continuava sentado sem esboçar nenhuma reação.-Vou ter que inventar outra coisa agora. Porra, esse negócio do DNA funcionou por tanto tempo. - Lamentou o rapaz e sentou-se novamente.

Seu amigo, que só era diferente pela cor do cabelo, um laranja vibrante, e pela camisa que, ao invés de uma frase, tinha um smile estampado, falou calmamente: - Por que você não tenta prende-los novamente no paradigma religioso?

- Eu tentei. Tentei mesmo. Mas só tive sucesso nos países de terceiro mundo e no interior dos Estados Unidos. Preciso de algo que cole mundialmente, que engane estes merdas por mais uns mil anos.

- O que você está pensando? - perguntou o de cabelo laranja que degustava agora um cafezinho e uma rosquinha de polvilho.

- Não sei direito. Acho que vou lhes dar um pouco da verdade. O que você acha disso - estendendo os braços e formando uma tela com as mão, da mesma maneira que um jornalista pensa uma manchete, continuou - "Começará com uma simples descoberta. Dois garotos que conseguiram participar do programa de pesquisa espacial brasileiro enviando brotos de feijão para o espaço, vão perceber acidentalmente partículas estranhas em suas plantinhas usando um procedimento banal com Iodo, coisa de quinta série. Essas partículas, serão estudadas e em pouco tempo perceberam que elas se apresentam em toda forma de seres vivos. O mais interessante é que ao conseguirem separar essas moléculas, que eles irão chamar de "conglomerado de Freitas-Paulino" graças aos meninos, irão perceber que são capazes de produzir o mesmo fenômeno que a sinapse cerebral, concluindo assim que todo ser vivo, por mais simples que seja, tem a capacidade intelectual. O último estágio será quando um grupo de cientistas especializados em semi-condutores esbarrar com o conglomerado em metais como silício, assim criando a teoria final da "Poeira cósmica inteligente" que unirá as físicas mecânicas e quânticas sobre o véu de tudo estar a trabalho de uma inteligência superior universal que busca em toda a criação o sentido da sua própria existência."

O "Pooorraaaaa!" que saiu da boca do seu companheiro veio misturados com perdigotos de café e rosquinha - Dar um pouco da verdade? Caralho, você está contando tudo. Idiota! Vai falar pra eles escutarem o disco da Arca de Noé ao contrário também? "Rua dos Bobos número zero"! Hein seu idiota? Vai falar também onde nos estamos agora? Panaca!

- Panaca não sua entidadezinha de meia-tigela.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Competência

Pronto chefe! Tá aqui a equipe que montei. Vou apresentar do jeito que me pediu:

Esse é o Tony Pé de Chumbo, ele vai ser nosso motorista. Ele faz Barra/Niterói em 6,2 minutos, usa a teoria do 100 Sinal, sabe ? Aquela que diz que a probabilidade de bater atravessando o sinal vermelho a 100Km/h é menor que parar na faixa. Louco ?

Esse outro aqui e o Betinho Pé de Cabra, vai ser nosso segurança e cuidar dos possíveis embates físicos já que não vamos poder usar armas de fogo. Foi treinado em Israel, sabe contornar uma situação de até 20 pessoas querendo nos meter porrada. Como é mesmo o nome dessa técnica?

“A técnica do Judas Voador.”

Isso mesmo! Bem, Ta aqui também O João de Cesamo. Porque te chamam assim mesmo?

“Abra de Cesamo

Ah é! Bom, ele arromba qualquer coisa. Faz aquela parada de trancar a gaveta com a chave dentro pro chefe ver?

Fluft. “Feito.”

Sinistro ? E por último e não menos importante, trouxe também o Henrique Castro Albuquerque, dono de mais de R$ 18 milhões em barras de ouro, que é quem a gente vai roubar.

fudido.”

domingo, 5 de outubro de 2008

Voadora - Parte1

Antes do par de All Star mal intencionado atingir o peito de Pedro e reivindicar todo o ar dos seus pulmões, gostaria de deixar claro três pontos:

1º – Pedro é um nome bíblico. Significa pedra, rocha. Mas existem quase 500 nomes citados no livro sagrado cristão. Só com a letra P existem 10.São eles:
Pármenes – aquele que fica.
Pátrobas – que deve a vida ao pai.
Paulo – de baixa estatura.
Pedro – pedra, rocha.
Pérside – a persa.
Pilatos – armado de lança.
Priscaanciã, a venerável.
Públio – público, popular.
Pudentepudente, pudoroso, casto.
Putifar – dado pelo sol.
Portanto, ao ler o nome do nosso personagem principal, não pense “olha! um nome bíblico.” Provavelmente todos os nomes que você conhece são bíblicos, incluindo o seu. Esse tipo de comentário irrita bastante Pedro.

2º – Pedro nunca teve nada contra ninguém, e talvez por isso alguns odiavam-no;

3º – Pedro carrega no bolso, desde os seis anos de idade, uma carta escrita pelo seu avô antes de morrer. Pedro nunca revelou a ninguém a mensagem dessa carta, apenas diz que é uma mensagem de “compaixão em tempos de crise.”

Escalrecido isso, posso descrever-lhe que Pedro rolou para trás entre piruetas e cambalhotas devido ao golpe certeiro de Augusto. Interessante notar que a confusão que começava a se formar fora conseqüência da discussão acalorada entre Pedro e Marcinho, amigo íntimo de Augusto.

Pedro deveria saber que “amigo de verdade não separa briga. Chega dando voadora.”

Continua.

domingo, 15 de junho de 2008

Memória Póstuma

...e no braço direito de deus tinha uma tatuagem: "Minha consciência fica o dia inteiro sentada tomando cafezinho."

domingo, 8 de junho de 2008

Mentiras Brancas

A vontade de brincar de ser outra pessoa parece tomar conta e antes que perceba o que está fazendo, seu sotaque muda. “Estou de férias no Rio, na casa de meus tios”. O motorista da van balança a cabeça para cima e para baixo, em sinal afirmativo, com um sorriso simpático no rosto. Também teve a vez em que ela disse, no táxi, que estava a caminho da casa de sua comadre, para visitar sua afilhada que “coitadinha, há uma semana não dorme direito com febre”.

Sempre, depois desses episódios, divertia-se imensamente relembrando os momentos mais disparatados da conversa, afinal, ela fazia questão de improvisar personas com valores e opiniões distintos dos seus. E quanto mais diferentes dela fossem os personagens interpretados, melhor.

Se esbaldava com a facilidade com que concordava com as opiniões absurdas de taxistas. Concordava, e veementemente, com os reacionários que arriscavam dizer que alguém deveria explodir as favelas do Rio, que a pena de morte é a única solução, que o Brasil só melhora com uma nova era ditatorial. Gargalhava por dentro enquanto dizia as coisas mais incríveis, que nunca pensara poder dizer, já que eram o total oposto do que realmente pensava. Dizia que bandido bom é bandido morto, embora quando ouvisse isso da boca de algum conhecido, repudiasse tais palavras.

Não entendia de onde vinham essas vontades, que pareciam mesmo lhe dominar em certas situações. Cedia a esses caprichos peculiares, mas não ousava comentar os episódios com ninguém, nem tanto por medo do ridículo mas por simplesmente achar que realizá-los lhe bastava.

Sentia-se um pouco atriz, e das boas. Já havia até mesmo chorado uma vez, contando a morte trágica de um amigo fictício que, imprudente, reagiu a um assalto.

Tinha amigos de teatro, que uma vez chamaram-na para atuar em uma peça infantil. “Você seria a bruxa má”, disse o amigo. Espantou-se e sentiu-se secretamente orgulhosa. Pensou durante dois dias e recusou o convite. Disse que não se sentia apta a desempenhar um papel, seja qual fosse, sem um mínimo de preparo.

Mentira. E deslavada. O difícil para ela seria fazer de conta na frente de todo mundo, enquanto sozinha, ela sentia que realmente se tornava a personagem que interpretava. Ela era a madrinha preocupada, a amiga saudosa, a carioca reacionária.

Pensava que era bobagem. Aquilo tudo. Fingir ser outras pessoas e depois nem mesmo comentar com amigos. Mas também, como explicaria as vontades? Não saberia como. Melhor assim. Gostava de ter essa brincadeira consigo mesma, um jogo que era só dela. A diversão era garantida, sem pressões, e depois podia guardá-la, inteirinha, o resto da vida, só para si.

domingo, 20 de abril de 2008

Mordida Cruzada

Meus dentes estão gastos. O ortodentista disse-me que pelas medidas de minha mandíbula, era para eu ser prognata, e não apenas ter a mordida cruzada, como tenho. Aparentemente o prognatismo não ocorreu de fato porque meus músculos faciais são muito fortes e, assim, forçaram as arcadas para que ficassem ao menos metade de cada corretamente alinhadas, e por causa dessa força feita diária e inconscientemente por 25 anos, eu ranjo os dentes, ou melhor, travo a mandíbula desconfortavelmente enquanto durmo.

Para consertar a mordida cruzada e acabar com as dores de cabeça (acordar depois de passar a noite forçando a mandíbula é acordar no inferno) eu teria que usar aparelho fixo por muito tempo (a estimativa foi de 5 ou 6 anos), e, mesmo sob a condição de parecer ter 15 anos de idade já com mais de ¼ de século - por mais tempo do que até um adolescente aceitaria - os resultados não são garantidos.

A opção alternativa, que de alternativa no sentido de ser mais branda não tem nada, é operar, e cirurgias me assustam profundamente. Cirurgias envolvendo a arte medievalmente primitiva que é a ortodontia parecem-me ainda mais medonhas.

Ir ao dentista é algo que sempre me deu medo. E a sala de espera, para mim, sempre foi como uma sala VIP para os que vão à forca. O barulho do “motorzinho” que pode ser ouvido do consultório parece dizer “estou me esbaldando com este pobre diabo, e farei o mesmo com você”.

Enquanto isso você folheia revistas de anos atrás fingindo não ouvir os grunhidos do paciente da vez, tentando racionalizar que ir ao dentista é saudável, temos que cuidar dos dentes, e esse cheiro... Esse cheiro significa que este é um consultório limpo, isso sim. Cheiro de limpeza. Dr. Fulano sempre esteriliza todo o material, ele tem um forninho para isso, você notou logo na primeira consulta. Dr. Fulano é um profissional competentíssimo. Mas, enquanto repete afirmações desse tipo mentalmente, como um mantra, imagens recorrentes de torturas vêm à mente, uma sala de tortura limpíssima, com objetos metálicos e pontiagudos, alguns você não consegue nem imaginar para que servem, e é melhor não imaginar, mesmo. Pensamentos felizes, pensamentos felizes, uma boca saudável, hálito fresco, sabor de hortelã, campos de hortelã, de flores, cachoeiras, que visões maravilhosas, mas o cheiro não deixa você se entregar à ilusão do paraíso por completo. O cheiro e sua vizinha na sala de espera, que parece perceber que embora você vire uma página a cada 5 minutos, você não está realmente lendo a revista. Então ela te traz de volta de vez, tocando seu ombro, perguntando idiotamente se você já terminou de ler a revista. Ao fechar o periódico antes de entregá-lo à devoradora de fofocas velhas você vê que a capa estampa em letras garrafais que Michael Jackson e Lisa Marie Presley separaram-se e há rumores de que seu casamento falido nem mesmo tenha sido consumado.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Dos Tipos de Pessoas - Os Que Escolheram Sofrer

As pessoas que escolheram sofrer normalmente também escolhem partilhar seu sofrimento com as outras. Em uma análise inicial, a parte receptora pode até pensar que Os Que Escolheram Sofrer estão contando seus problemas para que, talvez, em uma discussão racional, chegue-se a algum tipo de resolução. Aí está um erro muito comum. Os Que Escolheram Sofrer, embora também sofram, não devem ser confundidos com Os Que Sofrem Por Não Ter Escolha. Esse último tipo irá, muito comumente, adotar uma decisão, seja ela qual for, que solucione ou ao menos tenha a intenção de solucionar um problema. Os Que Escolheram Sofrer não visam realmente acabar com um problema que lhes causa sofrimento, mas apenas comentar sobre o mesmo, como se estivessem em um concurso (Os Que Escolheram Sofrer muitas vezes participam calorosamente de conversas-concurso, típicas de reuniões d’Os Que Se Acham Mártir).

Não é muito fácil identificar um membro desse grupo, o que contribui para o azar do receptor, que muitas vezes os toma como pessoas normais tentando chegar a uma conclusão. Tanto pessoas normais como Os Que Escolheram Sofrer têm problemas, e ambos os tipos podem comentar sobre esses problemas e o sofrimento que os mesmos acarretam. A diferença está nos momentos em que o(s) receptor(es) oferece(m) uma solução para o dilema do sofredor. As pessoas normais ponderarão sobre tal solução, analisando se a mesma se encaixa bem o suficiente na situação, e então, se o resultado dessa análise for positivo, aplicarão a solução sugerida. Os Que Escolheram Sofrer, por outro lado, repudiarão toda e qualquer sugestão dada para solucionar um problema citando outros fatores que supostamente compliquem/agravem a situação, conforme vemos no exemplo de diálogo abaixo:

Pessoa Que Escolheu Sofrer: -“Não posso viajar por causa do François..."
Pessoa Normal: -"Deixa ele no hotel canil da veterinária, eles também recebem gatos."
Pessoa Que Escolheu Sofrer: -“Não tenho dinheiro..."
Pessoa Normal: -"Então pede para aquela sua vizinha botar água e comida pra ele."
Pessoa Que Escolheu Sofrer: -“Não sei, ela é muito velha, pode se esquecer..."
Pessoa Normal: -"Ok. Quer que eu vá e coloque comida pra ele?"
Pessoa Que Escolheu Sofrer: -“Mas eu também não sei se ele ficaria bem, ele estava meio tristinho esses dias..."

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Dos Tipos de Pessoas - Os Que Falam Demais

As pessoas que falam demais quase nunca percebem que fazem parte deste grupo e chegam até mesmo a recriminar seus companheiros. Talvez essa falta de percepção se dê ao fato de que elas se ocupam muito em falar, deixando pouco tempo para perceber o ambiente. É fácil, no entanto, saber se você faz parte deste grupo. Algo que ocorre freqüentemente com seus membros é a falta de atenção dos demais presentes às histórias (geralmente longas e vagas) contadas por eles, Os Que Falam Demais. Este comportamento tende a estender-se e se tornar um padrão no(s) receptor(es) - mesmo em casos que não envolvem histórias inteiras - como simples perguntas e comentários feitos por quem costuma falar demais. Muitas vezes Os Que Falam Demais são completamente ignorados, como podemos observar no caso a seguir:

Pessoa 1: -“Cara, a gente já comentou isso... O segredo é voltar pra faculdade.”
Pessoa 2: -“Sem dúvida. Mas e grana?”
Pessoa Que Fala Demais: -“Aê, câmera digital HP: boa ou ruim?”
Pessoa 1: -“Aê, mas agora, ousando mais: imagina voltar pro COLÉGIO!”
Pessoa 2: -“Hahahahahaha... Eu sonho DIRETO com isso.”

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Dia dos Pais

O pai apresenta orgulhoso seu filho para o grupo de amigos “Esse aqui é meu campeão!” Um dos amigos pergunta “E aí meu garoto, qual é o seu nome?” O menino responde “Homem-aranha.” O pai tenta concertar a situação “Não filho. O nome verdadeiro!”. E o filho, é claro, responde “Peter Parker.”

domingo, 20 de janeiro de 2008

Visão 0°C

Estou sendo acusado de generalista pelo meu último post. Que bom. Pois, afinal, sim acho que todos são farinha do mesmo saco. Pode ser até que o saco seja diferente, mas a farinha é a mesma, e se tratando de Brasil, é de mandioca.

Só consegue entender o conceito de diferença o ser que questiona sua igualdade perante os ordinários. E é essa falta de questionamento que continua me incomodando. A poucos dias atrás, após descrever o batizado como “um ritual legal onde convidados ficam em função de uma criança, tirando fotos, fazendo votos e depois jogam água na cabeça do pequeno e acham lindo vê-lo chorar”, fui acusado de ter uma visão muito fria sobre as coisas.

Eu é que tenho super-poderes de ar-condicionar nossa realidade ou as pessoas que enfeitam demais nossa realidade?

O que é uma noitada? Um ritual onde machos e fêmias aptos a copular se reúnem em um lugar escuro onde encontram drogas e podem expor seus dotes atrativos.

O que é a praia? Uma faixa de areia entre a terra e o mar onde se é permitido mostrar o corpo com adereços menores que a roupa intima de cada dia.

O que é um blog eu deixo pra vocês.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Soft whoredom

Nossas mulheres ficam impressionadas com o estilo de vida que as mulheres do oriente médio são obrigadas a levar. “Como é que pode, ter que ficar usando aquela burca. Parecem um fantasma azul.” Mas tente agora imaginar o que as muçulmanas devem falar das nossas mulheres. Acho que serial algo assim: “Como é que pode, ter que alisar o cabelo todo dia, depilar as partes íntimas por mais que seja insuportavelmente dolorido, usar um sapato com um salto tão alto que faz mal a coluna e por isso tudo ter que ficar escutando gracinhas de todos os homens na rua.” Você pode até pensar que aqui “pelo menos temos escolha.” Será?

Bom, mas eu quero falar de uma situação muito pior de falta de crítica e questionamento do que se é imposto. Hoje em dia nossas garotas adoram sair na noite para curtir. Até aí tudo bem. Só que cada vez mais elas querem aproveitar mais e pagar menos. Se não precisar pagar então, que beleza! É aí que sem perceber, nós homens, colocamos nossas garotas no papel que sempre queríamos. O papel de puta.

Todo mundo sabe que não há almoço de graça. O mesmo serve para a noitada. Pode parecer pra você, garotinha, que tudo o que você está consumindo é um bônus, um presente. Mas não de graça. Alguém está pagando por isso.

Esse modelo de balada cresce cada vez mais. As garotas entram até um determinado horário de graça(?). Até uma certa hora a bebida é liberada. Ao começar a madrugada, as porteiras do curral são abertas e é liberada a entrada dos homens. Mais uma vez, quem pagou até agora a luz do estabelecimanto, o Dj, a bebida e assim a diante? Fica claro que esse prejuízo vai ser repassado para os homens.

Façamos um paralelo com a prostituição. Existe sempre alguém que está disposto a pagar por sexo - vamos chamá-lo de meliante, alguém agenciando essa demanda – o gigolô, e alguém disposto a receber por sexo – a prostituta. A única diferença entre o modelo convencional de prostituição e o modelo que as boates vêm usando é o modo disfarçado de se vender “favores sexuais.”

A pouco tempo atrás, não acharia necessário continuar a desenvolver e concluir o raciocínio. Mas como comentei anteriormente, “a realidade e um conjunto de absurdos que se escolhe não questionar.” Então vou até o fim e prometo ser estupidamente claro.

Nossos rapazes vão para noite a trás de sexo. Só não vale pagar diretamente por isso. Pois aí não contaria como “ponto” entre os amigos. Assim temos nossos lobos em pele de cordeiro, meliantes disfarçados de rapazes. A boate fica só na gerência – escolhe as mulheres, controla os horários, libera as drogas para tudo ficar mais suave. Esse papel só pode ser do gigolô. Adivinha o que sobrou para nossas amigas? O papel principal, o de PUTA.

Fico pensando como deveria agir o rapaz que tomou um veto de uma garota nesse tipo de estabelecimanto. O procedimento correto deveria ser entrar em contato com um dos seguranças que prontamente iria se dirigir a garota e avisa-lhe que “não queremos seu tipo aqui. Se não quiser trabalhar pode ir embora. Seus patrocinadores não estão satisfeitos com sua performance.”

É claro, você ponde pensar que uma comparação entre as profissionais da vida e as baladeiras é muito forçada. Afinal de contas nossas mulheres ao serem colocadas lado a lado com raparigas podem sempre dizer que “pelo menos temos escolha.” Será?

domingo, 6 de janeiro de 2008

Fogos de artifício

No outro dia comentei com um conhecido que odeio fogos de artifício que só fazem barulho. Disse que não havia nenhum propósito para sua existência. Ele me disse que há, sim, um propósito para eles, e não apenas irritar pessoas do bem. Ele me disse que são sinais de alerta. Que pessoas que não têm telefone usam morteiros e afins para comunicação.

Será que existe um código? Uma espécie de código morse absurdamente mais barulhento? E se existe, o que essas pessoas precisam comunicar dessa forma? Será que elas não podem andar até a casa da pessoa com quem querem falar e dizer o que for?

Acho que existe um motivo para tais seres humanos viverem sem telefone, isolados de tudo e todos. Os fogos são só uma desculpa para eles extrusarem sua verdadeira essência.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Aki Jaz Ortografia

É sabido que muitos usuários da Internet (sou contra a palavra internauta para designar quem usa a Internet, acho idiota) modificaram e continuam modificando a grafia correta de muitas palavras. Particularmente acho isso mais idiota do que usar a palavra internauta. Veja bem, eu não me refiro aqui às abreviações. Mas cada vez que vejo a letra k substituindo um "qu" sinto vontade de dar uma bofetada na pessoa que fez a famigerada substituição. E qual é a explicação para isso? Nenhuma. Isso mesmo, nenhuma. Você que está lendo pode ter pensado "ah, mas isso facilita, as palavras ficam mais curtas, logo, escreve-se mais rápido, comunica-se mais" ou qualquer outra coisa, mas a verdade não é bem assim.

As pessoas que fazem uso do internetês (também acho essa palavra idiota, mas vou utilizá-la muitas vezes) foram alfabetizadas como todo mundo, e ninguém aprende a escrever assim. Logo, a pessoa acostuma-se a escrever de tal forma, fazendo uso da grafia correta das palavras do léxico. Eu sei o que você está pensando, tem gente que escreve tudo errado, mesmo sem substituições mongolóides, e é verdade. Mas deixemos essas pessoas fora do tema proposto, certo? Voltando ao assunto, todos aprendemos a escrever as palavras como elas realmente devem ser escritas, e gastamos tempo e esforço para conseguirmos isso. Aprendemos que, mesmo tendo som de "z", a grafia correta é "casa", que c+e ou c+i não têm som de "que" ou "qui", que todo mundo fala "múinto", mas que escreve-se "muito". Tudo isso é apenas parte das milhares de regras e convenções que nós aprendemos desde tão pequenos, e fomos, com o passar do tempo, acostumando-nos a elas, aprendendo a escrever corretamente (ou não. Ah, deixa pra lá, combinamos de esquecer isso).

Pois bem, perceba agora meu ponto: a adoção do internetês como forma de escrita on-line primordial é extremamente trabalhosa. É uma nova forma de escrever com a qual você deve acostumar-se. Eu imagino as pessoas que escrevem dessa forma quando decidiram começar... Não vou nem entrar no mérito do motivo imbecil pelo qual alguém resolve começar a escrever assim, mas nevertheless, a pessoa se dá o trabalho de se policiar para conseguir. Aposto que a maioria, no início, escreve uma frase e fica usando o backspace muitas vezes para "consertar" o internetês. Escrevem "aqui", mas não é assim, então elas voltam, apagam e substituem por "aki". Agora você entendeu o que eu quis dizer, se já não tinha entendido antes. Isso, em vez de facilitar, dá um trabalho enorme. Eu não lembro direito da minha época de alfabetização, mas imagino que tenha sido difícil receber tantas informações ao mesmo tempo enquanto aprendia algo novo, mas, quando eu escrevo algo em internetês, zoando alguém ou alguma coisa, eu acho difícil. Eu tenho que prestar atenção à grafia para a frase sair de forma retardada. Fico voltando, tirando o "qu" e colocando "k" no lugar, mudando "ão" para "aum". É espantoso que tanta gente escreva assim.

Além de toda a dificuldade para se acostumar a usar o internetês, ainda há o problema de mantê-lo separado do português normal. Afinal, ninguém pode entregar um trabalho na faculdade escrito em internetês. Então a pessoa tem o trabalho de aprender uma nova forma de escrever, manter a antiga, e não se confundir ao fazer uso da ortografia correta, porque dá um trabalhão revisar tudo assim, até porque a pessoa já se acostumou e acaba não vendo o internetês perdido no meio do non-internetês.

Mas tem uma coisa que me irrita mais do que o internetês. É o internetês aleatório. Por internetês aleatório eu quero dizer o seguinte: às vezes a grafia escolhida é "aqui", e outras vezes "aki". Isso deveria acontecer, creio eu, no período de transição da pessoa. Quando ela inicia o uso do internetês. Porém, volta e meia vejo pessoas que conheço fazendo uso do internetês aleatório quando claramente elas não estão na fase de transição, isto é, sua grafia primordial é a normal, praticamente tudo que elas escrevem é com a grafia correta do português, mas lançam, aleatoriamente, um "naum" aqui, um "aki" acolá etc.

Por quê? POR QUÊ? Eu sinceramente não consigo compreender. Aliás, não compreendo nem mesmo o internetês regular. O que leva alguém a adotá-lo? Será que é cool? Definitivamente não é cool, mas será que algumas pessoas são realmente tão sem noção que acham legal? Pelo menos o internetês regular é uma opção que foi escolhida e seguida. Eu consigo, de alguma forma demente, respeitar isso, pois há um mínimo de coerência. Já o aleatório é impossível de respeitar, sendo totalmente errático e despropositado.

Faço aqui, então, meu apelo: se ao ler esse texto você identificou que faz uso do internetês aleatório, policie-se. Seja para escrever corretamente ou para adotar o internetês regular. Escolha um caminho e siga-o. Mas, de preferência, que esse caminho seja o de só tocar na tecla da letra k para escrever um nome próprio ou em outros idiomas.